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Ciência forense

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Crânios em uma praia.

A Ciência Forense é compreendida como o conjunto de todos os conhecimentos científicos e técnicas que são utilizados para desvendar não só crimes, como também variados assuntos legais (cíveis, penais ou administrativos). É considerada uma área interdisciplinar pois envolve física, química, biologia, entre outras. Tem como objetivo principal o suporte a investigações referentes a justiça civil e criminal.

A Ciência Forense possui estreita ligação com a Criminalística, uma vez que a distinção entre ambas as áreas não é clara, sendo comum a confusão entre ambas, inclusive com utilização do termo "criminalística forense". Muitas vezes o tratamento é como sinônimos, se referindo a ambas como ciências naturais aplicadas à solução de crimes. Alguns autores, como Grazinoli Garrido e Alexandre Giovanelli, tratam a Criminalística como disciplina da Ciência Forense. A Criminalística tem origem no termo alemão Kriminalistike na escola alemã com propagação na Europa, por outro lado, a Ciência Forense tem origem do inglês forensic science. Dentre as diferenciações feitas estão a que o especialista em criminalística (detetives e investigadores) seria o responsável pelo comando da investigação e encarregados das provas, enquanto que os cientistas forenses analisam cientificamente os termos relacionados ao objeto de investigação.

Em investigações criminais o foco principal dos profissionais na área é tanto confirmar a autoria dos crimes, quanto descartar o envolvimento do(s) suspeito(s). Em casos de homicídio são utilizados diversos recursos como, por exemplo, fio de cabelo, sangue e impressão digital deixados no local do crime e que são úteis na identificação dos suspeitos. É possível também descobrir a hora, a data, causa da morte, quem matou e o que levou ao homicídio. Peritos de diversas especialidades são os profissionais que realizam os testes forenses dentro de instituições policiais, associadas ao governo, ou em consultorias independentes.

Para o sucesso do trabalho forense se faz necessário o uso de algumas técnicas. Uma delas é dermatoglifia que estuda os padrões das cristas dérmicas. Outra bastante utilizada é a técnica do pó, no qual são depositados pós em superfícies lisas que facilite o decalque das impressões digitais.

Etimologia

A palavra forense vem do latim forensis, que significa "de antes do fórum". A história do termo provém da época romana, onde uma acusação criminal significava apresentar o caso perante um grupo de indivíduos públicos no fórum e, tanto o acusado do crime quanto o acusador dariam discursos com base em suas perspectivas da história. O caso seria decidido em favor do indivíduo com o melhor argumento entregue. Esta origem é a fonte dos dois usos modernos da palavra forense — como uma forma de prova legal e como uma categoria de apresentação pública. No uso moderno, somente o termo forense no lugar de ciência forense pode ser considerada correta, pois o termo forense é efetivamente um sinônimo para legal ou relacionado aos tribunais. No entanto, devido o termo ser tão associado com o campo científico, muitos dicionários incluem um significado que equivale para a palavra forense e ciência forense.

História

Métodos iniciais

No mundo antigo não existiam práticas forenses padronizadas, resultando em muitos casos que não tiveram resolução. Investigações criminais e julgamentos eram fortemente baseados em confissões e testemunhos. No entanto, há fontes antigas que contêm vários relatos de técnicas que indicam o início dos conceitos da ciência forense que foram desenvolvidas séculos mais tarde.

Arquimedes (287-212 a.C.), por exemplo, inventou um método para a determinação do volume de um objeto com forma irregular. De acordo com Vitrúvio, uma coroa votiva de um templo havia sido feita para o rei Hiero II, que havia fornecido ouro puro para ser usado em sua fabricação e, a partir disto, Arquimedes foi solicitado para determinar se alguma prata havia sido colocada na coroa durante sua produção pelo ourives. Arquimedes não podia danificar a coroa e, para resolver o problema, pode ter se utilizado de seu princípio da flutuabilidade, onde é possível observar o deslocamento dos corpos a partir da imersão na água.

O primeiro relato escrito do uso de medicamentos e da entomologia para resolver casos criminais é atribuído ao livro Xi Yuan Lu (traduzido em inglês como Washing Away of Wrongs), escrito no ano 1248 na China por Song Ci (宋慈, 1186–1249), durante a dinastia Sung. Em um dos relatos do livro, há o caso de uma pessoa assassinada com uma foice que foi resolvido por um investigador que instruiu todos os moradores próximos do local do crime a trazerem suas foices para uma determinada localidade, pois tinha percebido qual arma foi utilizada testando várias lâminas em uma carcaça de animal e comparando as feridas. A partir disto, moscas atraídas pelo cheiro de sangue eventualmente se reuniram em uma única foice, o assassino confessou logo após o ocorrido.

O livro também oferece informações sobre como distinguir um afogamento (água nos pulmões) de um estrangulamento, juntamente com outras evidencias que podem ser analisadas para examinar cadáveres e determinar se a morte foi causada por homicídio, suicídio ou acidente.

Origens

Na Europa, durante o século XVI, médicos militares e universitários começaram a reunir informações sobre a causa e circunstâncias da morte, como Ambroise Paré, um cirurgião do exército francês que estudou sistematicamente os efeitos da morte violenta em órgãos internos e dois cirurgiões italianos, Fortunato Fidelis e Paolo Zacchia, que lançaram as bases da patologia moderna estudando as mudanças ocorridas na estrutura do corpo como resultado de enfermidades. No final do século XVIII, os estudos sobre o tema ficaram em evidencia devido a obras como "Um Tratado sobre Medicina Forense e Saúde Pública" pelo médico francês Francois Immanuele Fodéré e "O Sistema Completo de Medicina da Polícia" pelo médico perito alemão Johann Peter Frank.

Como os valores racionais da época do Iluminismo estavam cada vez mais permeado a sociedade do século XVIII, a investigação criminal tornou-se um procedimento mais baseado em evidências, racional — o uso de tortura para forçar confissões foi reduzido e a crença em bruxaria e poderes ocultos deixaram de influenciar as decisões de tribunais.

Áreas científicas relacionadas

Agentes do CID, Estados Unidos, numa investigação de um crime.

Cultura popular

Uma das primeiras séries de televisão que se focaram na premissa de análise científica de evidencias foi Quincy, M.E. (baseado em uma série canadense intitulada Wojeck), onde o personagem principal é um médico legista que trabalha em Los Angeles resolvendo crimes através de um estudo cuidadoso das provas. A abertura de cada episódio se inicia com o personagem principal, interpretado por Jack Klugman, dizendo em uma palestra para policiais "Senhores, vocês estão prestes a entrar na esfera mais fascinante do trabalho policial, o mundo da medicina forense". Posteriormente surgiram séries com premissas semelhantes, como Dexter, The Mentalist, CSI, Hawaii Five-0, Cold Case, Bones, Law & Order, Body of Proof, NCIS, Criminal Minds, Silent Witness, Detective Conan e Midsomer Murders, onde retratam versões glamorizadas das atividades dos cientistas forenses do século XXI.[carece de fontes?]

Ver também


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