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Pregação
No cristianismo, pregação é como é conhecida a divulgação de conteúdo da Bíblia Cristã com o objetivo de ensinar e converter as pessoas através do Evangelho de Cristo. Ela vem desde o tempo de Jesus até os dias atuais graças à Tradição, ao Magistério e às Sagradas Escrituras, três colunas da Igreja Católica Apostólica Romana. Esta propaganda realizada por cristãos é fundamentada numa ordem dada por Jesus aos seus santos apóstolos, segundo a narração no Novo testamento :
"Ide por todo o mundo , proclamai (pregai) o Evangelho a toda a criatura".
No decorrer dos séculos, especialmente nas últimas décadas, várias religiosos e proselitistas têm erguido suas vozes afirmando estar pregando o evangelho.
O conceito da Bíblia
O termo grego ke•rýs•so, traduzido por "pregar", significa ‘fazer proclamação como arauto, ser um arauto, oficiar como arauto, proclamar (como conquistador)’.
O substantivo aparentado é ké•ryx e significa ‘arauto, mensageiro público, enviado, pregoeiro (que fazia proclamação e mantinha a ordem nas assembleias, etc.)’.
Outro substantivo aparentado é ké•ryg•ma, que significa "aquilo que é bradado por um arauto, proclamação, anúncio (de vitória nos jogos), mandado, intimação"..
De modo que ke•rýs•so não transmite a ideia de se proferir um sermão para um grupo restrito de discípulos, mas sim a de uma proclamação aberta e pública. Isto é ilustrado pelo uso dessa palavra para descrever o "forte anjo [a] proclamar [ke•rýs•son•ta] com voz alta: ‘Quem é digno de abrir o rolo e de soltar os seus selos? ".
A palavra eu•ag•ge•lí•zo•mai significa "declarar boas novas". Palavras aparentadas são: di•ag•gél•lo, "divulgar; notificar; declarar") e ka•tag•gél•lo, "publicar; falar a respeito; proclamar; propalar".
A Pregação nas Escrituras Hebraicas
Noé foi a primeira pessoa a ser chamada de "pregador", ainda que o profetizar feito anteriormente por Enoque possa ter-se divulgado por meio de pregação.
Pregar Noé antes do Dilúvio, evidentemente incluía uma chamada ao arrependimento e um aviso da vindoura destruição, como se vê da referência de Jesus ao fato de que as pessoas não "fizeram caso".
Segundo a bíblia, após o Dilúvio, muitos homens, como Abraão, serviram como profetas, proferindo revelações divinas.
A proclamação de Jonas a Nínive ajusta-se bem à ideia transmitida por ké•ryg•ma, e ela é assim descrita.
As Escrituras Hebraicas também apontavam para a obra de pregação que seria feita por Cristo Jesus e seus seguidores. Em Lucas 4,16-21, Jesus citou Isaías 61,1, 2 como predizendo a sua comissão divina e a sua autorização para pregar.
também, em cumprimento do Salmo 40,9, Jesus "anunciou as boas novas [forma de ba•sár] de justiça na grande congregação".
Nas Escrituras Gregas Cristãs
Embora fosse primariamente ativo nas regiões desérticas, João, o Batizador, fez a obra dum pregador ou mensageiro público, anunciando a chegada do Messias e do Reino de Deus aos judeus que vieram ao seu encontro, concitando-os ao arrependimento. Ao mesmo tempo, João atuou como profeta, instrutor (tinha discípulos) e evangelizador.
Jesus não permaneceu na região desértica de Judá depois de seu jejum de 40 dias ali, nem se isolou como que numa vida monástica. Ele reconheceu que a sua comissão divina exigia uma obra de pregação, e realizou-a publicamente, em cidades e em aldeias, na área do templo, em sinagogas, em feiras e em ruas, bem como na zona rural.
Jesus fez mais do que pregar. Seu ensino recebe ainda maior ênfase do que a sua pregação.
Ensinar (di•dá•sko) difere de pregar no sentido de que quem ensina faz mais do que proclamar algo; ele instrui, explica, mostra as coisas por meio de argumentos e oferece provas. De modo que a obra dos discípulos de Jesus, tanto antes como depois de Sua morte, devia ser uma combinação de pregar e de ensinar.
O tema da pregação de Jesus era: "Arrependei-vos, pois o reino dos céus se tem aproximado.". Como um arauto oficial, ele alertava seus ouvintes para a atividade de seu Deus Soberano, para uma época de oportunidade e de decisão.
Como fora predito por Isaías, Jesus não só trouxe boas novas e consolo para os mansos, para os quebrantados de coração e para os que prateavam, e proclamação de liberdade aos cativos, mas declarou também "o dia de vingança da parte de nosso Deus". Ele anunciou intrepidamente os propósitos, os decretos, as designações e os julgamentos de Deus perante os governantes e o povo.
Depois da Morte de Jesus
Depois da morte de Jesus, e notadamente a partir do Pentecostes, os seus discípulos deram prosseguimento à pregação, primeiro entre os judeus, e, por fim, a todas as nações. Ungidos pelo Espírito Santo, reconheceram ser arautos autorizados e, repetidas vezes, informaram disso seus ouvintes.
Fizeram assim como Jesus lhes dera "um mandamento quanto a que dizer e que falar". Quando se lhes ordenou que cessassem de pregar, a resposta dos discípulos foi: "Se é justo, à vista de Deus, escutar antes a vós do que a Deus, julgai-o vós mesmos. Mas, quanto a nós, não podemos parar de falar das coisas que vimos e ouvimos." "Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens."
Esta atividade de pregação era parte essencial de sua adoração, um meio de louvarem a Deus, um requisito para obterem a salvação. Como tal, deviam participar nela todos os discípulos, até a "terminação do sistema de coisas".
Esses primitivos pregadores cristãos não eram homens de elevada instrução segundo os padrões seculares. Tanto que o Sinédrio percebeu que os apóstolos Pedro e João eram "homens indoutos e comuns". o próprio Jesus, "os judeus ficaram admirados, dizendo: 'Como é que este homem tem conhecimento de letras, sendo que não estudou nas escolas?'".
Historiadores seculares registraram comentários do mesmo teor. "Celso, o primeiro a escrever contra o cristianismo, transforma em zombaria o fato de que trabalhadores braçais, sapateiros, lavradores, os mais desinformados e cômicos dos homens, sejam zelosos pregadores do Evangelho.".
Embora não tivessem obtido um elevado grau de instrução nas escolas seculares, os primitivos pregadores cristãos não eram pessoas despreparadas. Jesus treinou extensivamente os 12 apóstolos, antes de enviá-los a pregar. Tal treinamento não se resumia a dar instruções, mas era um treinamento prático.
O tema da pregação cristã continuou sendo "o reino de Deus". Contudo, a proclamação que eles faziam abrangia aspectos adicionais, em comparação com a que fora feita antes da morte de Cristo. O propósito de Deus tinha sido revelado por meio de Cristo; sua morte sacrifical se tornara um fator vital da verdadeira fé.
A posição enaltecida de Jesus qual Rei e Juiz tinha de ser conhecida e reconhecida por todos os que desejariam se salvos, e eles têm de ser submissos a esta. Assim, muitas vezes se diz que os discípulos "pregavam o Cristo Jesus".
Um exame da pregação deles torna claro que "pregarem o Cristo" não visava isolá-Lo na mente de seus ouvintes, como se ele fosse um tanto independente ou separado do arranjo do Reino e do propósito geral de Deus. Antes, proclamavam o que Jeová Deus fizera em favor de seu Filho e mediante este, como os propósitos de Deus estavam sendo e ainda seriam cumpridos em Jesus.
Assim, fazia-se toda essa pregação para o louvor e a glória do próprio Deus "por intermédio de Jesus Cristo".
Eles não faziam a pregação simplesmente como um dever, e servirem como arautos, não consistia meramente em proferir uma mensagem de modo formal. Tal serviço emanava da fé de coração e se fazia com o desejo de honrar a Deus e a amorosa esperança de levar salvação a outros.
Os relatos mostram que os pregadores se dispunham a ser tratados como tolos pelos sábios segundo o mundo, ou a ser perseguidos como hereges pelos judeus. Por isso, também, a pregação deles era conjugada com arrazoamento e persuasão, para ajudar os ouvintes a crer e a exercer fé.
Paulo de Tarso refere-se a si mesmo como tendo sido designado ‘pregador, apóstolo e instrutor’. Tais cristãos não eram arautos assalariados, mas sim adoradores dedicados, que davam de si, de seu tempo e de seu vigor à atividade de pregação.
Visto que todos os que se tornavam discípulos também se tornavam pregadores da Palavra, as Boas-novas se disseminaram celeremente, e, por volta da época em que Paulo escreveu sua carta aos colossenses uns 27 anos após a morte de Cristo, ele podia referir-se às Boas-novas "que foram pregadas em toda a criação debaixo do céu".
Assim sendo, a profecia de Cristo sobre a ‘pregação das boas novas em todas as nações’ teve um certo cumprimento antes da destruição de Jerusalém e de seu templo, em 70 EC.
A pregação cristã, descrita nas escrituras, é vigorosa, dinâmica e, acima de tudo, apresenta uma questão a respeito da qual as pessoas têm de tomar uma posição. Algumas se tornaram opositoras ativas, enquanto outras, escutaram por algum tempo, mas, por fim, viraram as costas, por vários motivos. Ainda outras aceitaram as boas novas e agiram concordemente.
Formas
Os Evangelhos contam que Jesus levou a mensagem do Reino diretamente às pessoas, ensinando-as publicamente e em suas casas.
Religiosos têm pregado o evangelho de diferentes maneiras.
As Testemunhas de Jeová por exemplo, entendem que é razoável ir às casas das pessoas e empregam uma série de versículos para sustentar essa forma de conduta. Afirmam que Jesus “indicou outros setenta e os enviou, aos dois, na sua frente, a cada cidade e lugar aonde ele mesmo estava para ir”. E que estes não deveriam pregar apenas em lugares públicos, mas deveriam também contatar pessoas em suas casas. citam a passagem onde Jesus instruiu seus discípulos: “Onde quer que entrardes numa casa, dizei primeiro: ‘Haja paz nesta casa.’” — Lucas 10,1-7.
A respeito da atividade dos 70 discípulos, a obra Matthew Henry’s Commentary (Comentários de Matthew Henry) relata: “Como seu Mestre, onde quer que visitassem, eles pregavam de casa em casa.”
Nos dias que se seguiram ao Pentecostes, os discípulos de Jesus teriam levado as boas novas diretamente às casas das pessoas. Embora se lhes ordenasse ‘parar de falar’, o registro diz que “cada dia, no templo e de casa em casa, continuavam sem cessar a ensinar e a declarar as boas novas a respeito do Cristo, Jesus”. (Atos 5,40-42; ,
Nota de rodapé de Atos 5,42: Lit.: “segundo [a] casa”. Gr.: kat’ oí·kon. Aqui, ka·tá é usado com o acusativo sing. no sentido distributivo. R. C. H. Lenski, autor e comentarista do Novo Testamento, na sua obra The Interpretation of The Acts of the Apostles, Minneapolis, EUA (1961), fez o seguinte comentário sobre At 5,42: “Os apóstolos nem por um instante pararam a sua bendita obra. ‘Cada dia’ eles continuavam, e isto abertamente, ‘no Templo’, onde o Sinédrio e a polícia do Templo podiam vê-los e ouvi-los, e, naturalmente, também κατ’ οἵκον, que é distributivo, ‘de casa em casa’, e não meramente adverbial, ‘em casa’.” Segundo esta tradução, a expressão “de casa em casa” traduz o grego kat’ oí•kon, literalmente: “segundo [a] casa”; o sentido da preposição grega ka•tá é distributivo (“de casa em casa”) e não meramente adverbial (“em casa”). Este método de alcançar as pessoas — ir diretamente às suas casas — teria dado notáveis resultados. “O número dos discípulos multiplicava-se grandemente em Jerusalém.” — Atos 5,28.
Citam as palavras do apóstolo Paulo aos anciãos em Éfeso: “Desde o primeiro dia em que pisei no distrito da Ásia,. . . não me refreei de vos falar coisa alguma que fosse proveitosa, nem de vos ensinar publicamente e de casa em casa. Mas, eu dei cabalmente testemunho, tanto a judeus como a gregos, do arrependimento para com Deus e da fé em nosso Senhor Jesus.” (Atos 20:18–21; Também VB, IBB, ALA, AS, RS, Mo, NIV.)
Segundo as Testemunhas de Jeová, o apóstolo Paulo referia-se aqui a seus empenhos de pregar a esses homens enquanto ainda eram descrentes, pessoas que precisavam saber a respeito do “arrependimento para com Deus e da fé em nosso Senhor Jesus”. Afirmam assim, que desde o início de seu serviço missionário na Ásia, Paulo procurou “de casa em casa” pessoas de inclinação espiritual. Quando as encontrava, ele sem dúvida retornava a suas casas para lhes ensinar mais, e, quando se tornavam crentes, para fortalecê-las na fé.
Ainda citam o Dr. Archibald Thomas Robertson,Teólogo americano, em seu livro Word Pictures in the New Testament (Quadros Verbais no Novo Testamento), que comenta o seguinte sobre Atos 20:20: “Pelas (segundo as) casas. É digno de nota que este maior de todos os pregadores pregou de casa em casa e não fez de suas visitas meras visitas sociais.” — 1930, Vol. III, pp. 349, 350. - Estudo Perspicaz das Escrituras.
Comentando sobre as palavras de Paulo em Atos 20,20, Abiel Abbot Livermore escreveu, em 1844: “Ele não se contentava em meramente proferir discursos na assembléia pública, dispensando outros meios, mas zelosamente realizava sua grande obra em particular, de casa em casa, e, literalmente, levava a verdade do céu ao lar e ao coração dos efésios.”.
G. W. Target, em seu livro Evangelism Inc., aborda métodos de dar testemunho, inclusive o “evangelismo às portas”, e comenta que “alguns até mesmo chamariam este de o método mais comum — especialmente depois da última visita feita pelas Testemunhas de Jeová. . . . Outros estão aprendendo rapidamente, mas as Testemunhas de Jeová lideram o campo”. Sobre o uso de publicações bíblicas, Target admite: “Novamente, as Testemunhas de Jeová lideram o campo. . . . A título de comparação, . . . pouquíssimas denominações realmente publicam matéria evangelizadora.”
Em 1950, um professor de história religiosa, da Universidade Northwestern, E.U.A., escreveu o seguinte:
“As Testemunhas de Jeová têm coberto literalmente a terra com seu testemunho. . . . Pode-se dizer verdadeiramente que nenhum grupo religioso no mundo demonstrou mais zelo e persistência em procurar difundir as boas novas do Reino do que as Testemunhas de Jeová. . . . Este movimento provavelmente continuará cada vez mais forte.” — C. S. Braden, no seu livro Estes Também Creem.
Eficácia da "Pregação de Casa em Casa"
As Testemunhas de Jeová são conhecidas em todo o mundo por seguirem o modelo apostólico, o ministério de casa em casa. Em vez de se concentrarem numa televangelização dispendiosa, superficial e impessoal, as Testemunhas de Jeová vão às pessoas, ricas e pobres, e falam com elas pessoalmente. Procuram conversar sobre Deus e sua Palavra.
A evidência fornecida pelos veículos noticiosos e pela mídia em geral dá um retumbante destaque a sua eficácia. As Testemunhas de Jeová têm sido mencionadas frequentemente em programas de TV e em filmes, quando se mostra alguém batendo numa porta. Histórias em quadrinhos têm mencionado constantemente as Testemunhas de Jeová. Sua atividade zelosa é tão bem conhecida, que cartunistas em todo o mundo têm incluído referências às Testemunhas de Jeová. Essas talvez pareçam satíricas, mas usualmente se baseiam num positivo fato básico: de que as Testemunhas são conhecidas pela sua persistente pregação de casa em casa.
De modo geral, as comunidades cristãs, ao longo do tempo, têm adaptado ao propósito da pregação novos recursos de comunicação à medida que vão se tornando disponíveis, dentre os quais incluem-se a música e os meios eletrônicos de comunicação de massa atuais.
Ver também
Ligações externas
- Bíblia Online (em português)