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Perfuração por arma de fogo
Perfuração por arma de fogo | |
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Crânio com uma perfuração por arma de fogo | |
Especialidade | Medicina de urgência, traumatologia, cirurgia geral, medicina militar |
Sintomas | Hemorragia, traumas, desmaios, vômitos, fraturas... (Sintomas variam) |
Complicações | Região onde a vitima for acertada pelo disparo |
Causas | Violência e guerras |
Método de diagnóstico | Auto diagnosticável após receber o disparo |
Mortes | 47 000 (2019) no Brasil |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | W34 |
DiseasesDB | 5480 |
MeSH | D014948 |
Leia o aviso médico |
Uma perfuração por arma de fogo (PAF) , também conhecida popularmente como ferimento por arma de fogo, ferimentos por tiro ou ferimento a bala, é um ferimento causado pela perfuração de tecidos por um projétil de arma de fogo que causa um trauma perfuro-contuso.
Danos graves possíveis
Hemorragias externas (exsanguinação)
A perfuração por arma de fogo pode entre outras lesões causar uma hemorragia externa, isto se deve normalmente quando o projétil passa de raspão na vítima porem com força o suficiente para causar algum dano em áreas vascularizadas, assim causando uma hemorragia externa que se não prontamente tratada pode causar a morte.
Traumatismo muscular
O traumatismo muscular ocorre quando o disparo acaba por romper músculos o que pode causar graves problemas como o mal funcionamento do músculo o que pode demandar procedimentos cirúrgicos para reconstrução do tecido rompido. Além de longos períodos de fisioterapia em caso de necessidade para reabilitação muscular.
Hemorragia interna
A hemorragia interna ocorre quando o projétil perfura alguma área vital do enfermo assim causando o "vazamento" excessivo de sangue. Sendo este vazamento oriundo de uma artéria, veia ou até a perfuração de algum órgão interno.
Fraturas
As fraturas podem ocorrer quando o projétil atinge algum osso, assim podendo causar danos mais graves caso o osso em questão esteja próximo a áreas vitais (como as vertebras ou costelas por exemplo). Mesmo com o uso de colete balístico, o impacto de um projétil pode causar fraturas.
Atendimento
Primeiro atendimento
O primeiro atendimento deve ser feito utilizando a técnica padrão para traumas descritas no ATLS, que se trata da técnica da mnemônica do XABCDE:
- X - Hemorragia exsanguiante - Avaliação de possível hemorragia externa grave e com a existência confirmada a tomada da decisão de como conter o sangramento (torniquete ou outra forma de contenção menos invasiva).
- A - Airway - Via Aérea: Proteção da via aérea contra obstrução (vômito, corpo estranho, desabamento da língua, etc.) e controle da coluna cervical (imobilização temporária, que pode ser realizado simplesmente segurando a cabeça do paciente);
- B - Breathing - Respiração: Avaliação da expansibilidade pulmonar, que pode estar prejudicada por hemotórax, pneumotórax, fraturas múltiplas de costelas (tórax instável) etc.;
- C - Circulation - Circulação Sanguínea: Avaliação e (se possível) controle de perda sanguínea por hemorragias, lesões cardíacas e outras causas de baixo débito cardíaco;
- D - Disability - Déficit Neurológico: Avaliar lesões de tecido nervoso (intracraniano prioritariamente). Nessa fase já pode se avaliar a Escala de coma de Glasgow;
- E - Environment - Ambiente e exposição: Avaliar outras lesões que ainda não foram avaliadas e proteger o paciente contra hipotermia (retirando roupas molhadas, aquecendo,...).
Exames clínicos
Os exames clínicos devem ser feitos na chegada da vítima no hospital, visando sempre estabilizar a vítima para posteriormente submeter a mesma a algum procedimento cirúrgico caso necessário, nesta etapa são tomados os seguintes passos:
Controle da pressão arterial
Controle da pressão arterial é importantíssimo para um diagnóstico geral do estado do paciente, tendo em vista que, um paciente com hemorragia tende a ter batimentos acelerados e pressão arterial baixa, após constatado alguma mudança no quadro clinico da pressão do paciente, é feita a intervenção com soro e remédios para tentar manter a hemodinâmica do paciente em constante estado de funcionamento.
Controle de vias aéreas
O controle de vias aéreas é feito de forma a desobstruir as vias aéreas assim permitindo a entrada e saída do ar no organismo do paciente, nesta etapa é observada se o paciente em questão tem um ferimento de pneumotórax, assim conseguindo tratar de maneira intensiva para estabilizar o paciente.
Raio-x e ultrassom
Estes procedimentos são adotados principalmente quando o paciente possui apenas o orifício de entrada do projétil, assim presumindo que o projétil está alojado dentro do corpo do paciente. É feita a analise para ver os danos teciduais causados pelo impacto do projétil e a necessidade de um procedimento cirúrgico invasivo para parar sangramentos ou remover o projétil do corpo do paciente. Nem sempre o projétil é removido do corpo do paciente, principalmente caso a cirurgia cause mais riscos do que benefícios ao paciente.
Avaliação AMPLA
Esta avaliação é feita para medir o estado de consciência da vitima e obter maiores informações, ela é feita após a escala de Glasgow quando a vítima estiver consciente e orientada para facilitar ao médico decisões como a utilização de medicamentos e também facilitar a investigação das autoridades através de informações passadas aos médicos. A avaliação segue os seguintes critérios:
- A (Alergias) – Nega alergias;
- M (Medicamentos de uso habitual) – Nega uso regular;
- P (Passado Medico) – Nega cirurgias, internações e hemotransfusões previas;
- L (Líquidos e alimentos ingeridos recentemente) – Nega ingestão de bebidas e líquidos nas últimas 8 horas;
- A (Ambiente e eventos relacionados ao trauma) – Ferimento por arma de fogo em combate físico.
Exemplos de possíveis procedimentos cirúrgicos
Laparotomia exploratória
A laparotomia exploratória é um procedimento cirúrgico que visa remover da cavidade abdominal através de uma incisão partes do intestino para uma avaliação visual.
O procedimento é adotado em vítimas de PAF que foram atingidas na região do abdômen assim procurando possíveis hemorragias internas e perfurações do tecido abdominal e em caso de não existir um orifício de saída, é utilizado também para encontrar o projétil que se encontra alojado no paciente.
Reconstrução óssea
A reconstrução óssea ocorre quando existe uma fratura grave causada pelo impacto de um projétil no corpo da vitima, assim é feita a reconstrução deste osso para garantir maior qualidade de vida para o paciente pós-trauma.
Procedimentos estéticos
Também são promovidos procedimentos estéticos de plásticos para garantir uma boa qualidade de vida para o paciente pós-traumático, tendo em vista que grande parte dos pacientes irão necessitar de acompanhamento psicológico. O cuidado estético é importante para a recuperação do paciente e sua reintrodução a vida normal.
Estrutura do ferimento e a medicina forense
Orifício de entrada
O orifício de entrada é onde ocorre a entrada do projétil no corpo da vítima, assim causando uma laceração que deixa marcado sinais claros na pele:
- Normalmente de forma arredondada (variando de calibre para calibre);
- Diâmetro menor que o tamanho do projétil;
- Bordas irregulares;
- Gera um "tunel" dentro da vítima chamado de "orla equimótica".
Orifício de saída
O orifício de saída é o local onde ocorre a saída do projétil do corpo da vitima, caso inexistente, é possível que o projétil encontre-se alojado dentro do corpo da vítima. Os orifícios de saída normalmente tem as seguintes características:
- Normalmente de forma irregular;
- Diâmetro maior que o tamanho do orifício de entrada;
- Maior sangramento que o orifício de entrada;
- Bordas invertidas para dentro.
Balística
O estudo da balística é importante para definir através dos ferimentos, o calibre e o tipo de arma utilizado para atingir a vítima. Com anos de estudo hoje sabemos que diferentes calibres, armas e distancias entre o atirador e a vitima deixam marcas diferentes. Assim permitindo um estudo avançado do caso.
Tipos de projéteis
Existem diversos tipos de projéteis letais para armas, cada tipo acaba por causar um dano específico, assim facilitando o trabalho do médico forense em determinar os tipos de projéteis utilizados no ato do crime, entre eles estão:
Tipo do Projétil | Utilização |
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Ogival | É o mais comum, sendo usado para fins militares, policial e defesa |
Canto-vivo | Usado especificamente para tiro ao alvo |
Semi-canto-vivo | Uso geral para defesa, caça e tiro ao alvo |
Ogival truncada | Também para uso geral, tem muita aceitação entre praticantes de tiro prático esportivo |
Cônica | Uso bastante restrito |
Ponta Oca | Uso para caça ajuda na expansão do projétil quando este atinge o alvo provocando ferimentos graves e dolorosos, aumentando o sangramento |
Encamisados | Uso para defesa pessoal, construídos por um núcleo recoberto por uma capa externa chamada camisa ou jaqueta |
Calibre
Existem diversos tipos de calibres, e sua balística varia de calibre para calibre, entre eles estão:
Calibre | Armas | Balística forense |
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9 mm | Pistolas e revolveres | No geral, disparos de 9mm deixam um orifício de entrada e saída similares, ao passar pelo tecido não sofre grande expansão assim não deixando "o efeito túnel". |
30 mm | Pistolas e submetralhadoras | Disparos de 30 mm também deixam orifícios de entrada e saída similares, porem causam o efeito "túnel" que causa maiores sangramentos internos. |
45 mm | Rifles e metralhadoras | Disparos de 45 mm causam um efeito "tunel" mais claro, assim causando um orifício de entrada regular porem um de saída enorme. |
.45 | Pistolas | Disparos de .45 causam um efeito similar aos disparos de 30mm, assim deixando orifícios de entrada e saída similares porem com o efeito "túnel" interno grande. |
.50 | Rifles | Disparos de .50 fazem um efeito similar aos de 45 mm, porem ao contrário dos disparos de 45 mm os de .50 deixam um orifício de entrada grande e um de saída maior ainda, assim deixando graves danos que causam grande sangramento. |
Calibre 12 | Escopetas | Disparos de calibre 12 deixam um orifício de entrada enorme e com a expansão do projétil, acaba deixando diversos pequenos orifícios de saída e/ou deixam estilhaços alojados dentro do corpo da vítima. |