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Mateus 1

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Mateus 1 é o primeiro capítulo do Evangelho de Mateus no Novo Testamento da Bíblia. Sua estrutura se divide em duas seções bem distintas: a primeira apresenta a genealogia do pai terreno de Jesus, José, desde Abraão; a segunda, começando em Mateus 1:18, estabelece a doutrina do nascimento virginal de Jesus.

Genealogia de Jesus

Ver artigo principal: Genealogia de Jesus

Mateus abre seu evangelho com a genealogia de seu pai terreno, José, o que, por si, é uma evidência da importância que Mateus dava ao tema. Ela demonstra que Jesus pertence à Casa de David e é, portanto, seu herdeiro. Mateus afirma ainda que Jesus é, na realidade, Filho de Deus e não é verdadeiramente filho de José. Legalmente, porém, José é pai de Jesus e alguns estudiosos defendem que a paternidade legal é de extrema importância. Ra McLaughlin argumenta, por exemplo, que o evento central desta seção é a adoção de Jesus por José (que se materializa quando ele dá nome à criança), um ato que torna possível que Jesus seja o prometido Messias da linhagem de David.

A seção começa com Abraão, que é tradicionalmente considerado como ancestral de todas as famílias da terra. Ela segue passando por importantes figuras do Antigo Testamento, como Isaac, Jacó e Judá. A passagem também faz referência aos irmãos de Judá que nada tem a ver com a genealogia. Gundry defende que eles foram incluídos por que Mateus estaria tentando retratar o povo de Deus como uma "irmandade".

Há diversos problemas com a genealogia, porém. A lista é significativamente diferente da encontrada em Lucas 3, na qual a linhagem, do cativeiro na Babilônia até o avô de Jesus, é completamente diferente. Mateus pula diversos nomes onde a genealogia é bem conhecida a partir de outras fontes: Jeoiaquim ficou de fora de Mateus 1:11 e quatro nomes estão faltando em Mateus 1:8. Ao contrário da maior parte das genealogias bíblicas, a de Mateus menciona diversas figuras que não estão na linha direta de descendência, incluindo quatro mulheres, Tamar, Rute, Betsabé e Raabe.

Diversas teorias já foram propostas para tratar destes problemas. Uma, bastante popular, é que, enquanto Mateus provê a genealogia de José e de seu pai, Jacó, Lucas detalha a genealogia do sogro de José, Eli. McLaughlin argumenta que, como Jeconias precisa ser contado em dois diferentes grupos para que se completem as «quatorze gerações» (Mateus 1:17), a genealogia em Mateus deve ser vista não como uma lista historicamente completa, mas como um artifício literário que tinha por objetivo sublinhar a importância de alguns eventos na história dos israelitas: a Aliança com Abraão, a Aliança com David, o exílio na Babilônia e especialmente o reino do Messias, que é o tema do resto do evangelho.

Outros estudiosos duvidam destas teorias e a maioria dos que não acreditam na inerrância bíblica acreditam que um ou outra (ou ambas) contém erros históricos. A genealogia de Lucas contém um número de nomes mais realista para a época (na qual se vivia menos) enquanto que à lista de Mateus falta também a forma paponímica de atribuição de nomes utilizada na época. Gundry acredita que a parte final da lista de Mateus não passa de uma "grande figura de linguagem" e defende que, naquele tempo, era perfeitamente aceitável completar lacunas na narrativa histórica com "ficção plausível".

Nascimento de Jesus

Ver artigo principal: Nascimento de Jesus

A segunda parte de Mateus 1 relata alguns dos eventos do nascimento de Jesus, como a Anunciação (Mateus 1:18–21). Enquanto Lucas e Mateus discordam entre si em alguns detalhes, as mais importantes ideias, como o nascimento virginal e a natureza divina de Jesus, são compartilhados. Ao contrário do relato de Lucas, Mateus se concentra em José, desde sua descoberta da gravidez de sua noiva virgem, sua preocupação com o fato e a mensagem do anjo pedindo-lhe que a aceitasse citando Isaías 7:14, um presságio do nascimento do Messias.

Este foco em José é pouco usual. Schweizer acredita que Mateus está muito mais preocupado em provar o status legal de Jesus como enteado de José (e, portanto, herdeiro de David), do que em provar o nascimento virginal, o que, para ele, revela que a audiência pretendida era de origem judaica, um padrão que se encontra por todo o seu evangelho. A importância das referências ao Antigo Testamento é também evidência disto. Hill acredita que a citação de Isaías era, na realidade, o ponto central e acredita que toda esta seção foi escrita para provar que a história de Jesus corresponde à que foi profetizada.

Stendhal, por outro lado, vê nesta segunda seção uma grande nota rodapé da última linha da genealogia, uma longa explicação do motivo pelo qual José é meramente o marido da mãe de Jesus e também por que ele era o herdeiro de David. McLaughlin defende que Mateus teria reconhecido que a profecia de Isaías ao rei Acaz em Isaías 8:1 é sobre uma virgem da época (a esposa de Isaías) e uma criança (Maher-Shalal-Hash-Baz), que nascera como sinal a Acaz, e argumenta que Mateus via no ato de salvação sinalizado pelo nascimento de Maher-Shalal-Hash-Baz era um "tipo" ou "prefiguração" da salvação que viria da virgem e da criança que ele próprio estava descrevendo (Maria e Jesus).

Outros comentaristas acreditam que esta seção deveria ter sido anexada ao começo do capítulo seguinte, que está dividido em quatro seções, cada uma focada numa passagem do Antigo Testamento.

Nome de Jesus

Ver artigo principal: Santo Nome de Jesus

Em Mateus 1:21, a mensagem do anjo no primeiro sonho de José inclui a origem do nome Jesus e tem implicações soteriológicas quando o anjo instrui a José: " ...a quem chamarás JESUS; porque ele salvará o seu povo dos pecados deles". É este o único trecho do Novo Testamento onde "salvará seu povo" aparece junto de "pecados". Este trecho também é o ponto de partida da cristologia do Nome de Jesus, realizando de partida dois importantes objetivos: primeiro afirmando Jesus como salvador e segundo, enfatizando que o nome não foi escolhido aleatoriamente e sim por um comando divino. O nome Emanuel (que significa "Deus conosco") também aparece em Mateus 1:23 ("E ele será chamado Emanuel, que quer dizer, Deus conosco") e este nome não aparece em nenhum outro ponto do Novo Testamento. Porém, Mateus 28:20 ("Eis que eu estou convosco todos os dias até o fim do mundo") indica que Jesus estará com os fiéis até o final dos tempos.

Manuscritos

Ver também


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Bibliografia

Ligações externas


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