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Discípulos de Emaús
Discípulos de Emaús é uma das primeiras aparições de Jesus após a ressurreição, logo após a sua crucificação e à descoberta do túmulo vazio. Tanto o "Encontro na estrada para Emaús" quanto o subsequente Jantar em Emaús, que relata uma refeição que Jesus teve com os dois discípulos após o encontro na estrada, se tornaram temas muito populares na arte. Adicionalmente, o evento se tornou um ponto de inspiração para batizar diversos movimentos religiosos, serviços e atividades cristãs.
O episódio está descrito em Lucas 24:13–35, onde se lê também a expressão “fica conosco, Senhor” (em latim: Mane nobiscum Domine), que inspirou diversos textos, orações e canções.
Narrativa bíblica
O Evangelho de Lucas descreve um encontro na estrada e uma refeição posterior, narrando como um discípulo de nome Cléopas estava viajando em direção a Emaús com um colega quando eles se encontraram com Jesus. A princípio, eles não o reconheceram e discutiram a tristeza que sentiam com os eventos recentes (a morte de Jesus). Eles o convenceram então a segui-los e a juntar-se a eles numa refeição, durante a qual eles o reconheceram.
Em Marcos 16:12–13 há um relato similar, que descreve a aparição de Jesus a dois discípulos enquanto eles estavam andando numa zona rural, quase que no mesmo ponto da narrativa evangélica, embora Marcos não nos dê o nome e nem o destino destes discípulos:
“ | «Depois disto manifestou-se sob outra forma a dois deles que iam a caminho para o campo. Eles foram anunciá-lo aos mais, mas nem a estes deram crédito.» (Marcos 16:12–13) | ” |
O Evangelho de Lucas afirma que Jesus ficou com os discípulos e jantou com eles após o encontro na estrada:
“ | «Aproximando-se da aldeia para onde iam, deu ele a entender que ia para mais longe. Mas eles o constrangeram, dizendo: Fica em nossa companhia, porque é tarde e o dia já declinou. Ele entrou para ficar com eles.» (Lucas 24:28–29) | ” |
A narrativa detalhada deste episódio é geralmente considerada como uma das melhores narrativas de uma cena bíblica no Evangelho de Lucas. No relato, quando Jesus apareceu a Cléopas e o outro discípulo, a princípio os "olhos deles não o puderam reconhecer". Posteriormente, quando Jesus, "estando com eles à mesa, tomando o pão, deu graças, e, partindo-o, dava-lhes", eles o reconheceram. B. P. Robinson argumenta que isto significa que o reconhecimento ocorreu durante a refeição, mas Raymond Blacketer nota que "Muitos, talvez a maioria, comentaristas, antigos, modernos e entre eles, enxergaram na revelação da identidade de Jesus durante a quebra do pão como tendo alguma forma de referência ou implicação eucarística".
Muitos dos gnósticos acreditavam que Jesus, não sendo de fato humano, seria capaz de mudar sua aparência à vontade e que estes relatos, juntamente com outros nos apócrifos gnósticos, suportam essa crença.
Na arte
Tanto o encontro na estrada como o subsequente jantar foram representados na arte, mas este último recebeu mais atenção. A arte medieval tende a mostrar o momento antes do reconhecimento de Jesus; Cristo geralmente veste um grande e pomposo chapéu para ajudar a explicar a falha em reconhecê-lo dos discípulos. Este é em geral um grande chapéu de peregrino com um broche ou, mais raramente, um chapéu judeu.
A pintura do jantar de Rembrandt (1648), atualmente no Louvre, se desenvolve sobre um rascunho que ele fez seis anos antes, no qual o discípulo a sua esquerda havia levantado com as mãos juntas em oração. Em ambas, os discípulos estão espantados, maravilhados, mas não com medo. O servo ignora completamente o momento teofânico que ali acontece.
Ambas versões de Caravaggio, a de Londres e a de Milão, que têm seis anos de diferença entre si, imitam a cor natural muito bem, mas foram criticadas por falta de decoro. O pintor mostrou Jesus sem a barba e a pintura de Londres mostra frutas sobre a mesa que estariam fora de estação. Além disso, o estalajadeiro aparece servindo vestindo um chapéu.
Entre outros artistas que pintaram o jantar estão Jacopo Bassano, Pontormo, Vittore Carpaccio, Philippe de Champaigne, Albrecht Dürer, Benedetto Gennari, Jacob Jordaens, Marco Marziale, Pedro Orrente, Tintoretto, Ticiano, Velázquez e Paolo Veronese. O jantar também foi tema escolhido por um dos mais bem-sucedidos falsários de Vermeer, Han van Meegeren.
Ver também
- A Ceia em Emaús (por Caravaggio)
- Abbé Pierre
- Harmonia evangélica
Ligações externas
- Carta Apostólica Mane Nobiscum Domine, de João Paulo II
- «Mini curso do Centro Loyola de Fé e Cultura / PUC-Rio - 2012». A Pedagogia de Jesus no Caminho de Emaús, com Prof. Dr. Francisco Orofino