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Complexo de perseguição cristão
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O complexo de perseguição cristão é uma crença, atitude ou visão de mundo de que os valores cristãos e os cristãos estão sendo oprimidos por grupos sociais e governos. Acredita-se que essa crença seja mantida por certas igrejas protestantes americanas, alguns cultos cristãos ou bíblicos e também na Europa. Tem sido chamado também de complexo de perseguição "evangélico", da "direita cristã" ou da "bancada evangélica".
Influência do Maniqueísmo
De acordo com a estudiosa do Novo Testamento, Candida Moss, o "complexo de perseguição" cristão apareceu durante a era do cristianismo primitivo devido à política identitária interna cristã. Moss sugeriu que a ideia de perseguição é fundamental para a visão de mundo do Cristianismo, observando que cria a impressão de que os cristãos são uma minoria que está enfrentando uma guerra - embora sejam numericamente superiores. Essa percepção está alicerçada na crença maniqueísta de que o mundo está dividido em duas facções, uma liderada por Deus e a outra por Satanás. Nessa visão, não pode haver compromisso entre os dois, e mesmo a tentativa de dialogar ou se envolver com "o outro" é visto como uma forma de colaboração com ele. O historiador medieval Paul Cavill argumenta que o Novo Testamento ensina que as perseguições são inerentes ao Cristianismo.
Séculos XX e XXI
Muitos acham difícil definir a origem do complexo de perseguição cristã. De acordo com Elizabeth Castelli, alguns estabeleceram o ponto de partida em meados do século XX, após uma série de decisões judiciais que declararam que os lugares públicos estavam proibidos de atividades religiosas (por exemplo, orações nas escolas públicas). No entanto, tornou-se evidente nos Estados Unidos na década de 1990 com a adoção da Lei de Liberdade Religiosa Internacional de 1998 como política externa oficial. Alguns anos depois, os ataques de 11 de setembro de 2001 impulsionaram seu desenvolvimento. Este complexo "mobiliza a linguagem da perseguição religiosa para encerrar o debate político e a crítica, caracterizando qualquer posição não alinhada com esta versão politizada do Cristianismo como um exemplo de intolerância e perseguição anti-religiosa. Além disso, ele rotineiramente apresenta a figura arquetípica do mártir como fonte de autoridade religiosa e política inquestionável ”.
O conceito de que o Cristianismo estaria sendo oprimido é popular entre políticos conservadores na política contemporânea nos Estados Unidos, e eles utilizam essa ideia para abordar questões relacionadas à população LGBT ou ao mandato contraceptivo da Lei de Proteção e Cuidado Acessível ao Paciente, que eles percebem como um ataque ao Cristianismo. A aplicação do mandato contraceptivo a empresas de capital fechado com objeções religiosas foi anulada pela Suprema Corte na decisão Burwell v. Hobby Lobby Stores, Inc.
Hornback observa que o complexo de perseguição aos cristãos é generalizado entre os nacionalistas na Europa, que sentem que estão defendendo o continente de uma nova invasão islâmica. Francesca Stavrakopoulou explica que os avanços do secularismo, como a retirada do catecismo das escolas públicas, são vistos por alguns cristãos como perseguição.
O complexo de perseguição cristã tem um impacto na cultura popular, com filmes que "imaginam cristãos em guerra prevalecendo contra a oposição secularista entrincheirada". David Ehrlich, um crítico de cinema, descreve como o complexo de perseguição é alimentado por filmes e mídia como a série de filmes Deus Não Está Morto.
Em uma conversa no Congresso Humanista Britânico em 2014, Stavrakopoulou sugeriu que alguns fundamentalistas cristãos vêem o avanço do secularismo como uma ameaça, e que isso pode apoiar a ideia de um complexo de perseguição.
Alguns nacionalistas brancos contemporâneos promovem uma narrativa da perseguição ocidental aos cristãos, argumentando que eles, ao invés de minorias ou populações de imigrantes, são mais frequentemente atacados e marginalizados.
Alguns jornalistas cristãos apontam que "os cristãos americanos têm um complexo de perseguição", enquanto observam que a perseguição aos cristãos é real no Oriente Médio.
Segundo Renan Quinalha, professor de Direito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o "discurso da cristofobia" tenta "vitimizar um setor que não é vítima" de perseguição.
Ver também
- Deus Não Está Morto
- Deus Não Está Morto 2
- Deus Não Está Morto 3
- Deus Não Está Morto 4
- Perseguição de cristãos
- Teoria da conspiração do genocídio branco
- Marxismo cultural
- Preconceito contra religiões afrobrasileiras
- Visão de mundo cristã
- Lista de fobias
Bibliografia
Leitura adicional
- Machado, Leandro (22 de setembro de 2020). «'Ninguém morre por ser cristão no Brasil': especialistas debatem 'cristofobia' citada por Bolsonaro na ONU». BBC News Brasil. British Broadcasting Corporation. Consultado em 24 de janeiro de 2023. Cópia arquivada em 23 de setembro de 2020
- Carranza, Brenda (13 de setembro de 2022). «Existe cristofobia no Brasil?». Nexo Políticas Públicas. Nexo Jornal. Consultado em 24 de janeiro de 2023. Cópia arquivada em 11 de outubro de 2022
- Paiva, Lucas (22 de outubro de 2020). «Cristofobia: A farsa do opressor vitimizado». Instituto Humanitas Unisinos. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Consultado em 24 de janeiro de 2023. Cópia arquivada em 24 de janeiro de 2023
- Silva, Diogo Pereira da (11 de setembro de 2021). «Cristofobia e Perseguição: entre usos e interpretações dos atos de perseguição aos Cristãos na Antiguidade». Universidade Estadual de Goiás. Revista Expedições: Teoria da História e Historiografia. 13 (FluxoCont). ISSN 2179-6386. Consultado em 24 de janeiro de 2023