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Sudor anglicus

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Sudor anglicus
Euricius cordus - englisch schweiss.jpg
Especialidade infectologia
Classificação e recursos externos
CID-9 061
MeSH D018614
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Sudor anglicus (epônimos: suor inglês, doença do suor, doença inglesa do suor) foi uma doença epidêmica de etiologia desconhecida, muito provavelmente causada por um hantavírus, que matou cerca de 3 milhões de pessoas na Inglaterra, entre 1485 e 1551, e outras milhares de vítimas por toda Europa.

Publicação de Euricius Cordus em Marburg, 1529, onde se encontra parte dos escritos sobre a "doença do suor"

História

A doença apareceu inicialmente na Inglaterra nos meses de verão do ano de 1485, e foi desaparecendo com a chegada do inverno. Reapareceu em 1508, 1517, 1528 e 1551. Não fazia uma distinção absoluta entre sexo, classe social ou idade, mas fez vítimas predominantemente em homens de 15 a 45 anos.

O surto de 1528

Em 1528 a doença teve sua pior recorrência, pois se espalhou pela Europa, vitimando pessoas na Holanda, Alemanha, Suíça, Polônia, Rússia e países nórdicos. Do mesmo modo que a recente epidemia de ebola, na África, a doença fez várias vítimas num curto período de tempo, desaparecendo rapidamente. Depois de 1551, a doença desapareceu tão misteriosamente quanto havia surgido. Não há mais relato na história de novos surtos semelhantes.

Patogenia

A doença foi estudada por vários e renomados médicos da época como o italiano Polidoro Virgílio, que na época vivia na Inglaterra, o inglês John Caius e o alemão Euricius Cordus. Grande parte do que se sabe hoje é baseado no que eles escreveram.

Etiologia

Como a peste negra, a leptospirose, o tifo murino e outras doenças cujo vetor são os roedores da família Muridae, também acredita-se que a "doença do suor" era transmitida por um vetor semelhante, muito provavelmente através da contaminação pelas fezes de ratos rurais. Os relatos colhidos em paróquias e descritos em fontes testamentais apontam que a grande maioria das mortes ocorreram mais em ambientes rurais que em aglomerados urbanos. A frequência de casos em locais próximos a vias de acesso a cidades, e propagação a outros países com relações comerciais com a Inglaterra, dá margem a crer que também possa ter havido transmissão direta entre humanos, fato recentemente evidenciado nas hantaviroses pulmonares. Corrobora para isso o fato de não existirem casos descritos da doença na França, Espanha e Itália (culturalmente menos ligados à Inglaterra na época), nem na Escócia.

Período de incubação

O período de incubação era extremamente curto, com um desfecho normalmente fatal (a doença matava em 24 horas, por vezes em até 3 horas depois do início dos sintomas).

Sintomatologia

Os sintomas iniciais eram de uma doença respiratória aguda (com tosse, falta de ar e febre) como o resfriado comum, associados a uma sudorese intensa que originou o seu nome característico. Prostração, indisposição, vômitos e dores pelo corpo (principalmente dores musculares, abdominais e cefaleia intensa) também eram relatadas. No estágio final, o indivíduo apresentava confusão mental, delírio, aceleração da respiração e dos batimentos cardíacos. Não havia qualquer manifestação na pele (exantemas, manchas) ou nos bubões (linfonodos), comuns em outras doenças da época, como a peste bubônica.

Os sintomas indicam que a morte era ocasionada pela rápida falência respiratória associada à desidratação. O desconhecimento na época, com relação ao tratamento, pode ter contribuído para acelerar a morte: havia uma ideia de que o paciente acometido deveria provocar em si ainda mais suor com o intuito de forçar a doença a ser exalada para fora do corpo. Assim, tão logo alguém apresentava qualquer um dos sintomas, era imediatamente envolto em roupas, mantas e cobertores, forçavam-lhes exercícios extenuantes e métodos sem qualquer eficácia, como a sangria. Pouco tempo depois, acometido de febre e com um suor fétido exalando do seu corpo, o paciente morria e os familiares acreditavam que isso tinha acontecido porque o "tratamento" havia sido iniciado tarde demais.

Epidemiologia

Geralmente epidemias como estas também têm duração limitada, pois há uma rápida seleção natural: os indivíduos infectados morrem rapidamente a ponto de não haver tempo suficiente para contaminar outras pessoas, sobretudo na época, quando as distâncias demoravam a ser percorridas. Sobrevivem somente os que não foram infectados ou os que adquirem imunidade. Se acontecesse hoje, com o desenvolvimento dos transportes, uma doença semelhante poderia ser catastrófica e ocasionar uma pandemia de grandes proporções, principalmente se comprovada a transmissão direta. Com os atuais níveis de desenvolvimento, medidas sanitárias como saneamento básico, tratamento de água, conservação dos alimentos, dedetização, associados a uma medicina avançada, seriam suficientes para conter a doença, algo inconcebível para uma época de pouco conhecimento científico.

Correlações recentes

Em Maio de 1993, houve um surto de síndrome da hantavirose pulmonar, acometendo uma parcela da população rural no Sudeste dos Estados Unidos. Os sintomas se iniciavam com um período breve e inespecífico de febre, dor muscular, e dor de cabeça que rapidamente evoluía para falência pulmonar, necessitando internação hospitalar imediata em UTI. Destes pacientes, 88% tiveram de ser submetidos a um ventilador mecânico de suporte logo nas primeiras 24 horas da internação. Esta forma de tratamento é crucial em casos de graves doenças respiratórias e, sem ela, os pacientes teriam morrido rapidamente. Mesmo assim, alguns morreram num período de 72 horas e a grande maioria relatava que existiam ratos nas proximidades de suas casas. Correlacionando, esta é uma época quente no hemisfério norte e sabe-se que a população de ratos aumenta abruptamente no verão, decaindo gradativamente até o inverno, ainda mais naquele ano, em que houve uma a colheita abundante de grãos.

O suor provavelmente advinha da dificuldade respiratória progressiva (cansaço), associada ao edema do pulmão - situação que leva a maioria dos pacientes a experimentar pânico e desespero, pois é semelhante a um afogamento. Além do pânico ocasionar suor, ele também acompanha a maioria das doenças respiratórias, sobretudo as mais graves como a tuberculose. Tudo isso leva a crer que a "doença do suor" pode realmente ter sido uma variante da Síndrome da Hantavirose Pulmonar, mas nada impede que a doença seja diferente de qualquer outra conhecida atualmente e tenha o suor abundante como um dos sintomas principais.

Investigação laboratorial

O hantavírus só foi elucidado como causador da Síndrome da Hantavirose Pulmonar nos Estados Unidos graças a exames laboratoriais avançados só disponíveis no fim do Século XX. Apenas exames desta natureza poderiam garantir que a "doença do suor" seria de fato uma hantavirose. Estes exames são realizados analisando-se fragmentos do DNA e RNA do tecido humano. Além disso, haveria que se provar que o mesmo vírus estaria presente também no tecido dos ratos infectados e, assim, estabelecer um paralelo real entre vetor e hospedeiro. Portanto, até aqui, tudo o que se sabe sobre esta doença é pura teoria, ainda carecendo de comprovação científica.

Relatos sobre a doença

Em 1485 uma nova doença atingiu todo o reino…uma pestilência de fato horrível…repentinamente um suor fatal ataca o corpo, devastando-o com dores na cabeça e no estômago agravadas pela terrível sensação de calor. Em decorrência disso, os pacientes retiravam tudo o que os cobria; se estivessem vestidos, arrancavam as roupas, os sedentos bebiam água, outros sofriam dessa febre fétida provocada pelo suor, que exalava um odor insuportável…todos morriam imediatamente ou pouco tempo depois do suor começar; de tal modo, que um em cada centena escapava.


  • John Caius, médico da coroa real, escreveu um livro inteiro somente sobre a enfermidade de 1551. Foi o primeiro relato médico escrito na história, que trata somente de uma única doença:
Primeiro a dor nas costas e nos ombros, dor nas extremidades, como braços e pernas, com ardor ou espasmo, como se apresentava em alguns pacientes. No segundo momento apareciam as dores no fígado e nas proximidades do estômago. Na terceira fase surgia uma dor de cabeça acompanhada de insanidade. Na quarta, o sofrimento do coração…pacientes respirando aceleradamente e com dificuldade…com a voz ofegante e lamuriosa… não resistiam mais do que um dia.
"Ninguém pensava em seus afazeres diários, as mulheres enchiam as ruas de lamentações e preces e os sinos dobravam por finados dias e noites".

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