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Maria Adelaide Coelho da Cunha
Maria Adelaide Coelho da Cunha | |
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Nascimento |
13 de outubro de 1869 Lisboa, Encarnação |
Morte |
23 de novembro de 1954 (85 anos) Porto, Ramalde |
Nacionalidade | Portuguesa |
Maria Adelaide Coelho da Cunha (Lisboa, Encarnação, 13 de Outubro de 1869 — Porto, Ramalde, 23 de Novembro de 1954) foi herdeira do co-fundador do Diário de Notícias, o seu pai Eduardo Coelho, e mulher de Alfredo da Cunha que o sucedeu como administrador e director do jornal. Ficou conhecida pela polémica pública gerada pelo seu internamento psiquiátrico e interdição judicial aos 48 anos de idade, após abandonar o marido para prosseguir um relacionamento amoroso com o chauffeur da família.
Biografia
Nasceu a 13 de outubro de 1869 e foi batizada na Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, em Lisboa, filha de Eduardo Coelho e D. Maria da Conceição Costa Coelho.
Casou a 19 de abril de 1890, na Igreja de Santa Isabel, em Lisboa, com Alfredo da Cunha.
Em 13 de Novembro de 1918 desencadeou-se um grande escândalo quando resolveu, sem aviso prévio, abandonar a casa. Foi então revelado que Maria Adelaide, com 48 anos de idade, se apaixonara pelo motorista da família, Manuel Claro, 20 anos mais novo, e partira com ele para um esconderijo em Santa Comba Dão, terra natal de Manuel.
O casal foi pouco depois encontrado, sendo ele preso na Cadeia da Relação no Porto, onde permaneceria quatro anos sem culpa formada, e ela internada no Hospital Conde de Ferreira, considerada louca por uma junta médica formada para avaliar o caso, composta por Júlio de Matos, António Egas Moniz e José Sobral Cid, os mais famosos alienistas portugueses de então, e interditada judicialmente de gerir os seus bens. Apesar de se ter defendido, mantendo uma polémica na imprensa e publicando um livro sobre o assunto, a que o marido respondeu com outro, a interdição judicial não foi levantada e o marido e o único filho do casal, então com 26 anos de idade, mantiveram-se na posse de toda a sua fortuna. Finalmente libertada, viveu na cidade do Porto, onde o novo companheiro foi taxista. O escândalo fez com que Alfredo da Cunha abandonasse em 1919 a direcção do Diário de Notícias e vendesse a respectiva empresa.
Com o aparecimento do jornal A Capital, Maria Adelaide começa a publicar crónicas assinadas por si na primeira página, a dar conta de todos os pormenores do horrível episódio que tinha vivido. Como resultado, o hospital Conde Ferreira é alvo de uma investigação jornalística, que veio a revelar que mais mulheres tinham sido internadas como forma de a família as castigar. O escândalo foi tão grande, que chega ao parlamento e altera-se a lei.
Em 1922, Maria Adelaide e Manuel Claro podem finalmente viver o seu amor em paz. Instalaram-se no Porto, onde ela se dedicou aos trabalhos de costura e ele ficou como taxista, com uma viatura que lhe foi concedida pelo sindicato dos motoristas que já tinha pago as custas judiciais. Nunca se casaram - permanecendo Maria Adelaide casada com Alfredo da Cunha - e foram amantes até à morte de Maria Adelaide, a 23 de novembro de 1954, na freguesia de Ramalde, no Porto. Alfredo da Cunha morreu doze anos antes, em 1942.
O drama, que apaixonou a alta sociedade lisboeta do tempo, inspirou diversas obras, entre as quais Doidos e Amantes de Agustina Bessa Luís., o filme Solo de Violino (1992), realizado por Monique Rutler, e o filme Ordem Moral (2020), realizado por Mário Barroso.