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Evento Azolla
O Evento Azolla foi responsável por um esfriamento global na época de Eoceno.
Causas e efeitos
Durante o Eoceno, aproximadamento 49 milhões de anos atrás, devido a configuração dos continentes naquele período, o Oceano Ártico estava quase totalmente isolado dos demais oceanos numa situação semelhante ao atual mar Negro. Nestas circunstâncias, suas águas eram muito pouco renovadas como ocorre atualmente devido à influência de correntes marinhas (por exemplo a corrente do Golfo). Os fortes ventos e a alta temperatura no Eoceno fizeram as suas águas sofrerem um intenso fenômeno de evaporação que aumentou a densidade do seu volume d'água. As fortes chuvas que se precipitaram sobre a região do Ártico contribuíram para o aumento do volume de água doce dos rios que desembocavam em suas águas. Com isso, houve uma diminuição do nível de salinidade e a formação de uma fina camada superficial de água doce menos densa sobre as águas do Oceano Ártico.
Tem-se aqui, somado a grande quantidade de minerais como o fósforo depositado pelos rios, as condições ideais para a proliferação de alguns tipos de pteridófitas aquáticas, como a Azolla, que vivem em água doce (na verdade poucos centímetros de água doce são suficientes para a sua vida) e possuem grande capacidade de reprodução. A Azolla, em pouco tempo, ocupou uma extensão de 4.000.000 km2 do Oceano Ártico durante 800.000 anos. Sem querer retirar a importância de outros fatores, há com certeza evidências científicas que põem a rápida proliferação dessa planta, num ambiente de estratificação das águas árticas, como responsável por enterrar o carbono atmosférico suficiente para produzir uma redução de 80% do dióxido de carbono existente naquela época. Foi preciso que a rápida proliferação da planta se combinasse com a estratificação das águas árticas para que a diminuição do CO2 se concretizasse de maneira constante, pois na medida em que a planta morria os seus restos cheios de carbono absorvido da atmosfera eram depositados no fundo do oceano. Em consequência dessa situação natural peculiar os restos da Azolla eram posteriormente fossilizados sem sofrerem o processo de decomposição por microorganismos, devido a diminuição da concentração de O2 nas águas mais densas e profundas do Ártico.
Esta redução de CO2 trouxe como consequência o início de um processo de resfriamento progressivo que durante milhões de anos levou o oceano Ártico a reduzir sua temperatura de 13 °C no início do Eoceno aos atuais -9 °C e o resto do planeta a sofrer baixas similares de temperatura. Possivelmente pela primeira vez na história da Terra, o planeta apresentava camadas de gelo em ambos os pólos.
São muitas as evidências da brusca diminuição da temperatura entre aproximadamente 49 e 47 milhões de anos que coincidem com o evento Azolla: entre as mais importantes se encontram nos indícios de "dropstones"[1] (rochas que se encontram fragmentadas abaixo dos estratos sedimentários) no Ártico.
Bibliografia
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- STEIN, R.; et al. "The Paleocene-Eocene 'Greenhouse' Arctic Ocean paleoenvironment: Implications from organic-carbon and biomarker records(IODP-ACEX Expedition 302)." Geophysical Research Abstracts, vol. 8, nº 06718, 2006.
- GLEASON J.D.; et al. "Water column structure of the Eocene Arctic Ocean from Nd-Sr isotope proxies in fossil fish debris (PDF)". Goldschmidt Conference Abstracts, 2007.
- MACDOUGALL, Doug. "Frozen Earth: The Once and Future Story of Ice Ages". University of California Press: Califórnia, 2004.
- MULVANEY, Kieran. "At the Ends of the Earth: A History of the Polar Regions". Island Press: Washington D.C., 2007.
- BRINKHUIS, H.; et al. "Episodic fresh surface waters in the Eocene Arctic Ocean", Nature Magazine, vol. 441. p. 606-609, 2004.
- WADDELL, L.M.; MOORE, T.C. "Salinity of the Early and Middle Eocene Arctic Ocean From Oxygen Isotope Analysis of Fish Bone Carbonate". American Geophysical Union, vol. 87, 2007.